O edifício do Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos é um dos mais antigos e históricos da vila de Arraiolos, tendo aí funcionado o Hospital do Espírito Santo desde finais do século XV ou inícios do século XVI, desconhecendo-se a data precisa da sua construção. Situado na praça do Município, centro social, político e económico da vila de Arraiolos desde o século XVI, o Hospital do Espírito Santo, fundado em 1353, terá funcionado noutro local da vila, presumivelmente mais perto das muralhas do castelo, onde até ao século XVI estiveram as mais importantes instituições da vila de Arraiolos.
Sabe-se que entre 1447 e 1524 o hospital foi administrado pela Confraria do Corpo de Deus. Em 1524 é fundada a Santa Casa da Misericórdia de Arraiolos, que logo nesse ano manda construir uma capela no hospital, obra terminada logo em 1525. A Misericórdia de Arraiolos incorpora o hospital nos seus bens, utiliza parte das suas instalações como sede da instituição e administra-o até 1535, data em que D. Teodósio I, duque de Bragança, exercendo o seu poder de senhor da vila, por esta ser terra da Casa de Bragança, entrega a administração do hospital ao reitor do Convento de Nossa Senhora da Assunção, da Ordem de S. João Evangelista, embora a título não oficial, pois só em 1541 chegaria a confirmação régia dessa alteração administrativa. Até 1834, data do decreto de extinção das ordens religiosas em Portugal, o Hospital do Espírito Santo de Arraiolos foi administrado pelos reitores do Convento de Nossa Senhora da Assunção de Arraiolos.
Os hospitais medievais caracterizavam-se por servirem como albergarias, oferecendo estadia para peregrinos e pobres andantes. No entanto, segundo podemos constatar no livro de compromisso do hospital, alterado em 1592 por ordem de D. Teodósio II, duque de Bragança, o funcionamento e vocação do hospital já denotava ter as características dos hospitais da época moderna, centrando-se a atenção nos doentes e oferecendo um atendimento ao corpo e à alma. Na época moderna, os peregrinos, o viajantes e os chamados pobres andantes continuavam a ter acolhimento, mas era-lhes destinado um lugar distinto no hospital, embora pudessem, em caso de necessidade, usufruir do tratamento e atenção prestados aos doentes.
Segundo um documento de 1591 existente no Arquivo Histórico da Misericórdia de Arraiolos, o edifício do Hospital do Espírito Santo era assim descrito: “Tem este hospital uma capela na entrada da praça (…) e junto à dita capela tem um dormitório com porta para a dita capela que serve de enfermaria e uma casa de sacristia com a porta na mesma capela (…) sobre a dita capela e enfermaria estão duas casas com as suas janelas para a dita praça, uma casa que serve de despacho e outra que serve de cartório do dito hospital (…) na mesma praça junto da dita capela está uma porta com o seu corredor que vai dar no pátio das ditas casas onde há uma escada no topo da qual está um celeiro (…) ao comprido do dito celeiro correm duas câmaras onde estão alguns leitos (…) do mesmo pátio da outra parte correm as casas em que se agasalha o hospitaleiro que são quatro casas (…) por baixo do dito celeiro está uma casa a que chamam dos andantes com o seu quintal por detrás (…) dentro da casa dos andantes está uma porta para uma casa térrea que serve de recolher lenha”. Pela descrição, é possível concluir que já em 1591 o edifício tinha, em grande parte, a estrutura e dimensão que se conheceu nos nossos tempos e que parcialmente se manteve até ao início das obras com vista à instalação do Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos.
De 1834 até 1934, data da sua extinção, o hospital foi administrado pela Santa Casa da Misericórdia de Arraiolos. Em 1953 a Câmara Municipal de Arraiolos adquiriu o edifício, disponibilizando-o depois para instalações da Guarda Nacional Republicana e Segurança Social, utilização que se manteve até 2011, ano em que se deram início às obras com vista à instalação do Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos.
Coube à empresa “CVDB Arquitectos” a criação do projeto arquitetónico de adequação do edifício às funções museológicas. Do cruzamento entre a historicidade do edifício e um desenho arquitetónico contemporâneo surgiu o Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos, singular peça de arquitetura ao serviço da museologia.